DESIGUALDADE DE GÊNERO NO BRASIL: CONSIDERAÇÕES A PARTIR DA CAMPANHA “ADOLESCÊNCIA PRIMEIRO, GRAVIDEZ DEPOIS”
Mots-clés :
Desigualdade de gênero; Gravidez na adolescência; Política Pública; Governo Federal.Résumé
O objetivo do artigo é compreender como a insuficiência de políticas públicas voltadas à adolescência e à educação sexual pode contribuir para aumentar a desigualdade de gênero no Brasil. Para tanto, parte-se da análise da campanha do Governo Federal para tratar a problemática acerca da gravidez na adolescência e das discussões políticas sobre o tema, denominada “Adolescência primeiro, Gravidez Depois — Tudo tem o seu tempo”, divulgada em fevereiro de 2020 pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos em parceria com o Ministério da Saúde. A Campanha está inserida em um contexto político de uma agenda “antigênero” e não discute o casamento na infância e na adolescência, bem como os impactos na vida das adolescentes brasileiras quanto à saúde, à educação e à inserção na esfera pública. Partindo dessa problemática, os aspectos metodológicos abarcaram a análise de dados sobre a gravidez e o casamento na adolescência e a análise da Campanha a partir da consulta aos sítios eletrônicos institucionais do Governo Federal. A metodologia incluiu a revisão bibliográfica a respeito das discussões feministas sobre a desigualdade de gênero, incluindo o debate sobre família, maternidade e justiça e acerca da dicotomia entre as esferas pública e privada.
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